quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Ensaio (uma tentativa)

Há motivos de sobra que fazem a igreja (institucional) seja desacreditada

Há muitas razões - como uma relação de amor e ódio - para declararmos nossa oposição (ou apoio!) à igreja local, ou institucional, como querem alguns.

Seguem 10 motivos encontrados na revista Últimato do “porque eu odeio a igreja institucional”* escrita por um de seus leitores:

1- Eu odeio a igreja instituição porque deixou de ser um lugar de pessoas, as pessoas são objeto secundário gerador de capital dentro de toda uma máquina que movimenta milhões em dinheiro sem pagar impostos.

2- Eu odeio a igreja instituição porque ela perverte a verdadeira mensagem contida nas palavras do Cristo. Ela transforma em dogmas e lei tudo que é natural na vida dos discípulos de Cristo, sistematizando a mensagem provocando um empacotamento, a fim de torná-la uma maquina de benesses e lucro.

3- Eu odeio a igreja instituição porque ela se tornou um ambiente propício para os profissionais da religião perpetuarem na vagabundagem. Ela incentiva a proliferação de pregadores, pastores, padres, apóstolos, cantores, capelães, que mercantilizam e desvirtuam a mensagem em busca de seu próprio benefício.

4- Eu odeio a igreja instituição porque ela incentiva a ignorância, tratando o academismo como pecado. Com esta atitude ela priva as pessoas muitas vezes de estudar, alegando questões banais como doutrinas, perda de fé ou dias de culto. Ela coloca os ministérios acima das profissões estabelecendo uma dicotomia nas profissões em sacras e profanas.

5- Eu odeio a igreja instituição porque ela tem problemas gravíssimos com sexo, criminalizando e segregando pessoas por questões de sexualidade. Por vezes ela marginaliza os indivíduos por suas leis internas chegando a interferir na sexualidade dos casais os enchendo com culpa. Fato este que ao invés de gerar pessoas saudáveis, acaba por acender uma geração de pervertidos que não respeitam os próprios corpos. Em contrapartida nunca se propõem a aceitar e ajudar estas pessoas com a sua sexualidade.

6- Eu odeio a igreja instituição porque ela não aceita a crítica. A igreja instituição não é um lugar aberto aos debates e discordâncias. Cada uma mantém o seu próprio sistema de regras e dogmas, nunca abrindo mão para discuti-los de forma direta e consistente.

7- Eu odeio a igreja instituição porque cada uma delas se identifica como portadora da verdade absoluta, não levando em conta que em séculos, varias doutrinas básicas do cristianismo foram derrubadas pelos próprios cristãos. Dentre elas cito: fora da igreja não há salvação.

8- Eu odeio a igreja instituição porque ela não admite e nem aceita os abusos cometidos em nome do cristianismo. A começar pelas estruturas políticas fomentadas pelo catolicismo, calvinismo e luteranismo, que no passado mataram e mandaram matar. “Vide a história se duvidam...”

9- Eu odeio a igreja instituição porque ela evoca para si o papel das causas sociais, mas nunca assumi que se usa destes meios de forma proselitista. A prova disso é que a cada pedaço de pão que é oferecido, é precedido de um “aceita Jesus?” Pura barganha, mascarada como boa ação, o verdadeiro amor se doa e não pede direitos.

10- Eu odeio a igreja instituição porque ela tenta se posicionar como detentora das portas do céu e do inferno. Arrogantemente se porta de forma indiscriminada, e sai por ai definindo as pessoas por religião, práticas, comidas, gostos, músicas, alegando saber o que Deus odeia ou ama, e com isso tenta definir os que têm direito ao céu e ao inferno. Sendo que a bíblia adverte para não definirmos quem vai ou não para o paraíso e inferno. (Romanos 10:6-7)
 
Certamente, e como também expõe o leitor-autor, outras mais poderiam ser descritas...

Creio profundamente que o descrito pelo autor seja verdade e deve ser analisado com cuidado por todos e não simplesmente ignorado como alguns crentes fizeram nos comentários que seguem o texto.

Creio também numa igreja mais participativa e menos “assistencialista”, mais comunitária e menos institucional, menos profissional e menos corporativa... Antes de ser uma instituição, são grupos de pessoas que se amam (ou deveriam) e convivem conjuntamente (ou deveriam) e participam ativamente da vida um dos outros (ou deveriam)... A igreja como uma estalagem para descanso e refrigério dos viajantes da caminhada cristã, da vida daqueles que caminham, lado a lado, um com o outro e se sustentam mutuamente, que constroem as experiências diárias da comunidade...

Creio numa igreja institucional mais doadora que receptora. Mais cuidadora, que melindrosa e carente. Numa igreja do dia a dia, que uma comunidade dos fins de semana. Na reunião dos casebres, que nas catedrais.

Creio numa comunidade da amizade desinteressada, mas comprometida, e do companheirismo, a das relações instantâneas e das relações interessadas e político-sociologicamente corretas.

Acredito que seja possível uma igreja com estas características!!!

Para consumá-la, precisaríamos de um instinto Superior mais arraigado, uma unção “maior”. Perdemos a percepção do significado da palavra AMOR. Amar é fazer algo tão importante ao meu próximo como se fizesse a mim mesmo! (alguns se atreveriam a observar que “caí” em lugar comum)

Penso em algo neste instante... bem no que dói na gente, no nosso bolso!

Imagine que você recebesse uma proposta de emprego. Inicialmente, se interessaria nela. Ao ser apresentado à proposta teu salário seria dobrado, assim como suas tarefas... À priori você entende como possível receber este incremento na carga de trabalho, o que, interessadamente, geraria um “belo” incremento nos teus rendimentos... Uma regra, entretanto, um tanto indigesta se apresenta: teu salário seria em benefício de outros e o dos demais, em teu benefício! “Ops... tem algo errado! Eu trabalhar para os outros???”

Imagine que todos os recursos que ganhássemos fosse para um fundo comum, de tal forma que teríamos de apresentar nossas necessidades a um grupo de conselheiros idôneos que, avaliando-as, destinariam os recursos mediante as necessidades do grupo. Blindaríamos o processo para que não houvesse corrupção e interesses pessoais interferindo negativamente nesta distribuição. (quanta desconfiança...!) Eu sei, é algo utópico, sonhador! Nunca teríamos uma instituição assim...

A pergunta que é gerada com a evidência é: POR QUÊ nunca teríamos uma instituição assim? Por causa do pecado, diriam alguns. Concordo, mas avancemos! Creio, simplesmente, por que não permitiriamos que alguém vivesse com o suor do meu rosto(!). Nunca permitiria pessoas viverem às minhas custas e eu, por ser MERECEDOR do fruto do meu trabalho, MEREÇO, também, usufruir de tudo o que ele gera a mim...

Antes desta constatação, a conclusão deste pensamento me pareceu bem comunista! Sim, comunista!!!

“Todos os que criam mantinham-se unidos e tinham tudo em comum. Vendendo suas propriedades e bens, distribuíam a cada um conforme a sua necessidade.”. Texto de Atos dos Apóstolos (2.44-45). Comunista, não parece!?

Talvez o grande erro da base comunista tenha sido inspirar-se no cristianismo, sem contudo, ter o “todos os que criam” de Atos na base de seu pensamento. O Espírito de Deus dava a liga e os mantinha unidos. Essa era a causa! Estes cristãos não extinguiam o Espírito de Deus (I Tessalonissences 5.19)

Imagino ainda, que, simploriamente, esta prática tenha se acabado, por haverem cristãos que não confiavam uns nos outros - colocando “em xeque” a credibilidade uns dos outros. Havia julgamento impiedoso e conflitos entre irmãos, levando-os ao afastamento do grupo até a total desintegração, ou um andar cambaleante. Também penso que o grupo começou a aumentar tanto de tamanho - tais os feitos e o que era visto por todos à sua volta -, que não conseguiam mais dar conta e assessorar a todos. (Será que era o momento de se dividirem em mais comunidades menores?)

A credibilidade colocada “em xeque”, o aumento do tamanho do grupo, o egoísmo crescente de cada membro e o julgamento maldoso, a falta de maturidade geral, o crescente aumento da falta de conhecimento de Deus e das Escrituras, e consequentemente o distanciamento de Deus, muito provavelmente, foram os aspectos distanciaram o povo do formato da igreja primitiva. (será?)

"Viajei". Especulei, tão somente...

Acredito na igreja (tida como local ou institucional) e na igreja "invisível", mas além de acreditar nelas acredito que nós cristãos precisamos re-significar (uma palavra que ouvi novamente estes dias) o conceito e a prática do que é ser igreja, do que é amar, do que significa uns aos outros, ou uns pelos outros!

Fato é que não conseguiria deixar a igreja local! Um pouco por crer que podemos melhorar; um pouco porque Deus ordenou que nos reunamos com nossas fraquezas, mazelas, tristezas e limitações... Não fosse assim, porque, enfim, Jesus “fundou” (criou) a igreja? Porque participava das reuniões públicas? Por quê se reunia com os seus?

Fica para pensarmos, refletirmos, orarmos... e agirmos!

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